Flexibilização de construções em áreas de morros deve ser votado pela Câmara de Santa Maria nesta quinta

Leandra Cruber

Flexibilização de construções em áreas de morros deve ser votado pela Câmara de Santa Maria nesta quinta

GABRIEL HAESBAERT

Foto: Gabriel Haesbaert/Arquivo DSM

O Projeto de Lei 1002/2022, com emendas que flexibilizam a construção de residências em áreas de morros – locais considerados como lugares de preservação ambiental -, deve ser votado na tarde desta quinta-feira na Câmara de Vereadores de Santa Maria. O texto, de autoria da prefeitura e que altera leis do Plano Diretor, está em discussão há mais de um ano.

De acordo com o vereador Givago Ribeiro (PSDB), líder do governo no Legislativo, o projeto inicial tem embasamento técnico e foi realizado a partir de estudos do Instituto de Planejamento de Santa Maria (Iplan). No entanto, as proposição de emendas que modificam o texto geram preocupação.

– A proposta do Poder Executivo tem como objetivo avançar em algumas questões relacionadas à construção civil na cidade, como a construção de prédios sem vagas de estacionamento na região central. Agora, o que nos preocupa são as emendas modificativas, geralmente propostas por vereadores, que tendem a flexibilizar construções em áreas que hoje são consideradas de preservação ambiental. Além disso, essas emendas podem implicar no crescimento desordenado de locais como nos bairros Campestre e Itararé, onde os moradores já enfrentam uma série de dificuldades relacionadas à infraestrutura. É preciso pensar que esse tipo de flexibilização implica em uma urbanização que traz consigo a necessidade de saneamento básico, abastecimento de água, luz e tantas outras questões básicas – explica.

Preocupação ambiental

Ainda, para Givago, a urbanização dos espaços de preservação ambiental vai contra aos esforços empreendidos pelo município no sentido de minimizar os problemas ambientais de Santa Maria:

– Há poucos dias vimos a grande movimentação relacionada aos geoparques da Região Central. As riquezas naturais e a preservação do meio ambiente atraíram os olhares do mundo inteiro. Em Santa Maria, temos locais como o Sítio Paleontológico Sanga da Alemoa, onde foram encontrados os fósseis de dinossauros mais antigos do mundo. Não podemos desconsiderar isso. Por isso que essas emendas têm mobilizado a comunidade.

Abaixo-assinado

Um abaixo-assinado organizado na plataforma Change.org já reúne mais de 3 mil assinaturas de pessoas que questionam o Projeto de Lei 1002/2022 e são contrárias a redução das Áreas de Preservação Permanente. Segundo o texto, “as emendas propostas devem ser analisadas pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente com emissão de parecer técnico (…) A justificativa apresentada não está embasada em estudos técnicos. Existe sobreposição às áreas de risco mapeadas (deslizamentos e quedas de blocos de rocha) pela Defesa Civil e pelo Instituto de Planejamento do Município; aumento do potencial de contaminação de aquíferos e da barragem do DNOS; impacto sobre populações de plantas, animais silvestres e sobre espécies ameaçadas de extinção; maior suscetibilidade a novas áreas de inundação decorrente da supressão vegetal necessária a infraestrutura das futuras edificações, entre outros”.

Plano Diretor: o que é?

O Plano Diretor de uma cidade é o mecanismo legal que tem como objetivo orientar a ocupação do solo urbano, tomando por base um lado de interesses coletivos e difusos tais como a preservação da natureza e da memória, assim como outros possíveis interesses particulares dos moradores. Em Santa Maria, o documento é a base para o desenvolvimento sustentável do município a longo prazo.

As discussões sobre possíveis alterações no Plano Diretor de Santa Maria não são recentes. Em julho de 2018, o planejamento foi revisto e o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) sancionou a lei que institui o Plano Diretor Municipal de Santa Maria. As leis de Uso e Ocupações do Solo e o Código de Obras e Edificações são fundamentais no plano. Em setembro deste ano, a prefeitura protocolou, na Câmara de Vereadores, três projetos de lei (PLs) que alteram regras da Lei de Uso e Ocupação do Solo e do Código de Obras e Edificações, que fazem parte do Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial da cidade. Na época, o objetivo, de acordo com o poder público, era ampliar a possibilidade de investimento do setor de construção civil. Porém, com as emendas modificativas, o PL passou a ser questionado.

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